Thursday, August 31, 2006

que nervos.
fomos, o pedro, o szymon, a olcay e eu, tratar do permesso de soggiorno, uma catrefada de papeladas e burrocracias para podermos estar legalmente em italia.
sinceramente, desde que comecou este discurso, nunca percebi muito bem, mas nao me quis mexer e perceber. "ok, querem uma fotocopia do meu bilhete de identidade, ok, ok, nao me vou chatear por isso". "ok, querem um encontro, que marcam para oito meses depois da minha chegada, ok, eu posso ir". "ok, dao-me a permissao de estar aqui quando ja parti, ok, o que quer que seja, nao me chateio por isso".
mas agora chega.
fomos à dita reuniao, onde nos pedem quinhentos papeis, que, sorte das sortes!, a federica tratou de tratar. zangam-se comigo porque o ministerio de nao sei que, do qual depende a agencia nacional do serviço voluntario europeu, escreveu no papeis "maria joao dornelas", esquecendo-se do "de azeredo", quando eles, do ministerio do interior, precisam do nome completo. "azar nitido, nao fiz nada disto eu, assunto vosso". la passa a ausencia do azeredo. outro drama por causa do til, sim, do TIL em joao. ia-me passando, mas, "ta bem, federica, nao me zango, nao vale a pena".
até aqui, juro, teria engolido.
mas, azar dos azares, a olcay é turca.
e isto é italia. o que dà direito a duas horas de espera. ou, melhor dito, duas horas de discussao sobre como um sistema de privilégios implica desprivilegiados. a ela, nao chega embirrar com o nome.
precisa de esperar duas horas pela policia cientifica, como lhe chamam. ok, passemos à frente detalhes aborrecidos como porque marcam a reuniao para uma hora com uma pessoa que sabem que é turca a uma hora que sabem que a policia cientifica està fechada, e mil afins destes.
o discurso é mais grave, mais sério, mais revoltante.
à olcay, pedem-lhe impressoes digitais, de todos os dedos das duas maos, medem-na (pra que, se ao ter acesso ao bilhete de identidade dela tem direito a informacao toda que quiserem?), e ainda lhe fazem a impressao digital de toda a mao (processo tao novo para mim que nem sei o nome...sera impressao manual? ou é uma coisa tao ridicula que a lingua a recusa?)
por que raio alguem que tem um trisavo italiano tem mais direito a ter cidadania italiana do que uma pessoa que mora ca ha dez anos?
por que raio todas as sete pessoas que trabalham num serviço de estrangeiros nao falam outra lingua que nao a deles?
por que acham que se falarem aos berros o pobre marroquino percebe melhor que tem de voltar, de novo,daqui a 5 meses, porque nao trouxe um papel que lhe tinham avisado a ultima vez, em italiano, que devia trazer?

como sentir-me bem a estar no lado dos privilegiados se a olcay, que dorme ao meu lado todos os dias, està do outro lado.

fica meio dificil, às vezes, esta teoria de se ser cidadao do mundo.

3 Comments:

Blogger Cata said...

Quando estamos próximos as injustiças parecem-nos maiores! E essa é uma grande injustiça.

9:59 PM  
Blogger Raul said...

Ainda bem que estamos na Europa

3:21 AM  
Anonymous Anonymous said...

Vai Joao, vai por esse caminho, insurge-te com as injustiças, desassossega-te com a estupidez, delara guerra á maldade.
Onde vivemos e tb um pouco de nos e, como a Maria repete, um graozito de areia pode dar cabo de sofistadas engrenagens.
CUIDA-TE
Mae

7:38 PM  

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