acho que descobri que as minhas saudades são egoístas. ou talvez não sejam egoístas, mas centro-as em mim. tenho saudades das pessoas porque me fazem falta, porque me faz falta a ajuda delas.
faz-me falta o meu sobrinho
(deviamos ter patenteado o nome dele, proliferam martins nesta cidade, quais cogumelos...) porque quando estou com ele o mundo parece mais arrumado. aliás,
está mais arrumado.
faz-me falta a minha irmã maria, para me arrumar a cabeça, as ideias, o futuro.
e a minha irmã luísa, que mal se meteu no avião, me apertaram as saudades, para me lembrar dos semáforos verdes, que sou eu, mas que às vezes não.
faz-me falta a minha mais-que-tudo tili bacalhau, e do "não faz mal pensar-se imenso quando se sente igualmente".
e faz-me falta os odiosos dias no público.pt, só para a hora de almoço, a quiche de espinafres, eu a transbordar de coragem, depois dessa injecção tão preciosa.
e faz-me falta a minha avó, para perceber quão parecidas somos.
e faz-me falta a Olcay, para se rir dos meus disparates.
e faz-me falta a pizza do Da Andrea.
e faz-me falta o Flip, de vidro de carro estragado, e concerto em mafra, e promessas de ida à ericeira eternamente adiadas.
e não quero que isto seja uma lista de nostalgias, de saudades, de amizades.
nada disso.
é só que me dei conta que a pensar nas saudades, só penso em mim.
não devia ser assim, pois não?